MULHERES QUE INSPIRAM

                Nesta semana ocorreu em Santa Rosa, a sexta edição do Forum Itinerante do Leite, promovido pelo Sindilat, Farsul, Fetag e Canal Rural, que transmitiu ao vivo para todo o Brasil. O evento trouxe painelistas de alto quilate promovendo  a discussão da questão da mão de obra no meio rural, da sucessão familiar, qualidade do leite, a legislação e uso da tecnologia. Mais de oitocentas pessoas estiveram presentes entre estudantes universitários, profissionais e produtores de leite de toda a região.

                Desafiando preconceitos, timidez, inibição, lá estavam duas grandes mulheres tuparendienses: Mariane Moz e Marjori Ghellar. Numa apresentação impecável, (embora não sejam apresentadoras de TV), contaram ao público e ao Brasil, porque causam impacto nos negócios. Mostraram a trajetória de mulheres que tocam os negócios, em parceria com a família, com força e determinação, com garra, espírito de luta mas acima de tudo com disciplina. Relataram que a humildade é requisito indispensável para aprender e que a credibilidade se conquista com o tempo.

                Mariane é graduada em Medicina Veterinária e relatou que a atividade em sua propriedade teve início em 1994, num  regime de economia familiar sob a supervisão dos avós e dos pais, quando possuíam oito vacas e uma produção de 80 litros/dia. Desde criança participava das atividades. Em 1997 optaram por dar prioridade a produção de leite e investiram em instalações, construindo o primeiro galpão, com capacidde para abrigar 85 vacas. Hoje a produção alcança 4.300 litros/dia. A família se dedica com exclusividade ao negócio e conta com a colaboração de quatro funcionários. A interação entre patrões e empregados é uma marca registrada dos Moz, frisou a veterinária. Todos trabalham juntos. A qualidade do leite é monitorada pelo aparato bioquímico que Mariane se encarrega de monitorar rotineiramente, verificando o nível de células somáticas e contagem de células bacterianas.

                Marjori Ghellar apresentou um painel sobre assossiativismo na produção leiteira. Falou da  Cooperlat, uma Cooperativa que abrange vinte propriedades,  quarenta assossiados e que foi fundada no ano de 2006. Produz hoje 28.000 litros de leite por dia, que é transportado por frota própria. Cada produtor recebe diretamente da empresa compradora os valores correspondentes. Acabam de adquirir aparelho de fenação e pré secado, além de outros equipamentos no valor de R$ 400.000,00. Possuem ainda três caminhões, oferecem insumos e medicamentos a preço diferenciado aos associados. Marjori é sócia na Fazenda Bonsucesso, uma empresa familiar que tem um rebanho de 320 vacas.

                Mariane e Marjori. Esses são os nomes das vencedoras. Onde muitos homens enxergavam problemas elas viam oportunidades! Optaram por muito trabalho no campo, acordar muito cedo e iniciar a labuta ainda de madrugada,  ao invés do glamour, do  mundo faschion da cidade. As mariposas não as deslumbraram. Num país onde 51% da população é composta por mulheres, as vencedoras ainda  são uma excessão. Continuam sub representadas no mundo dos negócios, na política. Essas duas meninas representam uma trajetória de sucesso, mesmo frente as barreiras impostas por uma sociedade proeminentemente machista, onde os espaços em destaque pertencem aos homens, ou pertenceram. Elas provaram que a dominação masculina absoluta não é mais a regra. O Brasil passa por uma consistente mudança da estrutura de poder familiar. Antes, homem em casa era sinônimo de chefia. Mas as mulheres estudaram e reduziram a dependência masculina.  Para quem pensa que lugar de mulher é na cozinha, ledo engano, preparem-se para verem muitas Marjori’s e Mariane’s chegarem onde essas duas chegaram. Há sinais de mudanças no ar!

                Tuparendi está honrado com a contribuição dessas mulheres que levaram o nome desta terra aos lugares mais recônditos do Brasil. Essas mulheres causaram impacto, mostraram a que vieram, provaram que o que as constitue de verdade é a capacidade empreendedora, o trabalho. Mostraram que vão muito além de um número de CPF, um RG, uma profissão. Elas mudam o mundo a sua volta. Fazem o seu papel como parte pensante, atuante e contribuem para um mundo melhor. Que cada cidadão tuparendiense, além dos pais, irmãos e namorados dessas mulheres sintam o orgulho e o respeito que devemos ter para com elas.

                Clóvis Medeiros